Ícone do movimento concretista

Publicado: 01/03/2010 por insanitydsg em Biografia

O artista plástico Geraldo de Barros construiu uma vasta obra, marcada pela diversidade de meios de expressão

Artista plástico inovador, Geraldo de Barros atuou também como designer e fotógrafo de talento ímpar. Dez anos após sua morte, esse ícone do movimento concretista paulista é lembrado como um dos personagens mais inquietos da história das artes plásticas no Brasil. Nascido em 27 de fevereiro de 1923, em Chavantes, interior de São Paulo, trabalhou com diversas linguagens visuais para dar vazão a experimentações, fortemente marcadas por uma expressividade voltada às massas. A carreira de Geraldo teve início em 1945, quando passou a ter aulas com os artistas Clóvis Graciano, Colette Pujol e Yoshiya Takaoka, já morando na capital paulista. Nessa época, era bancário no Banco do Brasil, profissão que seguiu em paralelo às artes plásticas até se aposentar. “Papai sempre dizia que era importante ter um emprego fixo para que pudesse fazer suas coisas com liberdade”, conta a artista plástica Lenora de Barros, filha do mestre. “Naquela época [décadas de 1940 e 1950] não havia mercado para a arte.”
Durante os estudos com Takaoka, conheceu outros artistas, como o fotógrafo Athayde de Barros, com quem fundou, em 1946, – mesmo ano em que fez, no Salão Nacional de Belas Artes de São Paulo, sua primeira exposição –, o Grupo 15. Nos finais de semana, a principal atividade do grupo era afastar-se da cidade em busca de motivos para seus trabalhos. “De modo geral, estavam interessados no pós-impressionismo, sobretudo no expressionismo”, esclarece a historiadora de arte Heloísa Espada. “E pintavam temas prosaicos, comuns na pintura brasileira dos anos de 1940, como paisagens rurais, objetos pessoais, retratos e auto-retratos”. Nas reuniões com o 15, Geraldo iniciou sua paixão pela fotografia, influenciado por Athayde, que aproveitava os passeios para clicar times de futebol de várzea. Entusiasmado pelas possibilidades artísticas que via no registro fotográfico, logo comprou uma Rolleiflex 1939 e passou a acompanhar o amigo. “Sempre trabalhei com essa máquina, que me possibilita duplas ou mais exposições e permite compor quando fotógrafo”, afirmou no documentário biográfico Sobras em Obras (1998), de Michel Favre.
Ainda no final da década de 1940, iniciou as intervenções em fotos – desenhos, pinturas, cortes e sobreposições – que se tornariam uma de suas marcas registradas. Heloísa Espada explica que seu método consistia em trabalhar “como se o filme fosse uma matriz de gravura”. “Ele não estava preocupado com a verossimilhança”, diz. “Tampouco em respeitar as especificidades do meio fotográfico.”

Deixe um comentário